25/02/2010
Mais uma quinta-feira reflexiva e momentos de grande aprendizado, trocas e discussões pautadas que levaram-me a significativas descobertas. A aula da manhã, com a Betty foi uma troca de experiências. Em duplas ou pequenos grupos, trocamos nossas descrições do Tom-Tom, fizemos uma leitura reflexiva seguida de uma discussão intermediada pela professora.
Tomamos um problema comum em todas as descrições, como por exemplo a indiferença às aulas de inglês e falta às aulas. Juntos discutimos preenchendo uma tabela com a justificativa para ação do aluno e qual a ação do professor, nesse caso.
Para o problema/fato citado acima foram levantadas uma série de justificativas para a ação do aluno. Entre elas estão: "Professora, não venho à aula porque tenho que cuidar dos meus irmãos" ou "Tenho que trabalhar", "Estava doente", "Não gosto de inglês..." ou "Não tenho dinheiro para o ônibus". Muitas vezes falta incentivo dos Pais, em sua grande maioria são omissos, há o comodismo, desinteresse e desmotivação.
Em contrapartida, as ações do Professor podem ser coerentes e amenizar e/ou eliminar de vez o problema. Em primeiro lugar, deve haver uma ação conjunta da Unidade Escolar, envolvendo Direção, Coordenação e Família. Convocar os Pais para acompanhar os filhos durante as aulas, também pode ser uma medida que dá certo, como foi dito por alguns colegas; visitar a casa dos alunos, em caso de excesso de ausência para saber o que está acontecendo.
Estabelecer combinados no primeiro dia de aula já é um bom começo, deixe claro sua função perante a classe, faça com que seu aluno perceba que a indiferença lhe incomoda e muito, proponha a troca de papeis por alguns instantes, leve-o a relfetir sobre sua ação. O que não podemos de maneira alguma é cruzar os braços ou simplesmete apontar o problemas.
Nossa reflexão a respeito do Tom Tom não findou aí. É dever de cada educador continuar pesquisando e revendo sempre sua prática em sala de aula.
A reflexão continua...
Fomos convidados a refletir sobre nosso processo de aprendizagem comparado a um jogo de poker. Assumimos o risco de entrar no jogo com poucas cartase não conseguirmos vencer, e mesmo assim continuar no jogo da aprendizagem de uma nova língua. O medo, a insegurança, o desafio, a falta de bagagem e até oportunidade para praticar são alguns dos riscos visíveis para quem quer aprender uma língua estranheira. Ter um número considerável de fichas é vantajoso, mas pode se tornar negativo quando essas fichas não são gerenciadas com sabedoria. É preciso tomar cuidado e não desperdiçar fichas.
Conhecemos os quatro elementos da aprendizagem significativa, basicamente envolve iniciativa própria, auto iniciação, buscar novas formas de aprender. "Se você pretende aprender uma nova língua, deve se deixar abraçar por ela. Ser amigo"...Essa expressão citada pela professora, me fez lembrar de pessoas muito motivadas que já conheci, que dominam o inglês sem terem feito grandes cursos, ou gastado fortunas. O segredo é que simplesmente se deixaram envolver pelo idioma, sentiram vontade, buscaram, descobriram. Essa é uma importante chave para o aprendizado significativo.
Anotações pertinentes ao texto do PERRENOUD
Na aula da tade, com a Professora Luciana, as turmas do curso estivera reunidas em uma sala maior. Foi-nos mostrado uma apresentação de power point baseada na livro: Formação crítica de educadores: questões fundamentais: Fernanda Coelho Liberali. Breve falarei mais a respeito da obra, encomendei-a e estou aguardando chegar.
Enquanto a Professora socializava os tipos de reflexões, minha mente estava trabalhando, estava tentando me identificar em uma daquelas posturas reflexivas.
Na reflexão técnica busca-se na teoria, o sujeito reflexivo é um mero teórico, seu objetivo é apenas alcançar objetivos.
A reflexão prática busca a compreensão de fatos, seu objetivo principal é compreender ações partindo de sua experiência e conhecimento de mundo. O reflexivo-prático tenta encontrar soluções da prática na prática. Está sempre fechado em uma redoma, não busca auxílio, por esse motivo, não faz muita referência com o mundo externo e não se dá conta das transformações sociais.
Já a reflexão crítica está em um nível mais elevado. Essa reflexão tem base na Pedagogia de Paulo Freire, foca a transformação da ação (transformação social). Aqui, não basta critícar a realidade, mas mudá-la.
O educador precisa ser um intelectual crítico capaz de entrelaçar prática e teoria, confrontar a realidade, os valores éticos; essa é a oportunidade de emancipação pela chance de transformação informada da ação.
Consegui me identificar com a reflexão crítica, me vejo sempre tentando mudar a realidade, tentando transformar as pessoas acomodadas, e quando falo em pessoas acomodadas, não estou me referindo apenas aos alunos, mas também pessoas da minha família, vizinhos, amigos e colegas de trabalho. Não gosto de ficar parada e também não aceito pessoas apáticas próximas a mim. Tenho um pouco das características da reflexão prática e da reflexão técnica, não vou negar. Mas acredito que no fundo, o educador precisa ter um pouco de todas, permitir a mesmice é comodismo, e agora cito uma frase dita por Fernando Anitelli (vocalista da banda O Teatro Mágico) que martelou em minha mente a aula inteira "Não acomodar com o que incomoda", trecho da música (Criado Mudo) que aprecio muito. Tive que sair repetindo a frase da sala, de tão forte que ela estava em minha mente... NÃO ACOMODAR COM O QUE INCOMODA...
Como evitar essa acomodação? Basta começar a praticar a reflexão crítica. As quatro ações (segundo livro apresentado pela Professora) são:
Descrever: Olho para minha aula e me pergunto "O que fiz? O que realmente aconteceu?"
Informar: "Qual a fundamentação teórica da ação?"
Confrontar: "Como me tornei assim? Quero ser assim?"
Reconstruir: "Como posso agir de forma diferente?"
Lembrando que na descrição, o ato de olhar para a aula e dizer o que aconteceu deve acontecer de forma minuciosa, com o máximo de detalhes e nenhum julgamento. Essa primeira ação será feita essa semana, quando terei que descrever uma aula recente. Veremos como me saio.
Ainda refletindo...
Incrível como a reflexão toma conta da gente. Ainda nessa aula, a Professora citou A alegoria da caverna (Platão) , quando falava de mudanças, acomodação e capacidade de emancipação. Logo em seguida, a colega Márcia relatou uma experiência vivenciada no HTPC em sua escola: uma professora de Língua inglesa que não aceita trabalhar o novo se opõe, quando Márcia sugere que trabalhem juntas no Projeto da Copa do Mundo com a linguagem dos jogos em vez de desenhar e pintar bandeiras (que era o desejo da professora). Nesse momento lembrei da história "Quem mexeu no meu queijo?", o doende se recusa sair da plataforna para buscar novo queijo...também consegui fazer uma relação com "A alegoria da Caverna" citada anteriormente pela Professora e contada na íntegra por um colega da outra sala. Infelizmente é assim que acontece, quando as pessoas se deparam com o novo, ficam com medo, querem logo voltar ao velho. Precisava registrar essa intertextualidade, achei muito rica.
Que aula! Sua leitura é fluida e gostosa, faz a gente viajar em terra firme, conhecimento é um tesouro incalculável... aprendo cada vez que leio. É descobrimento para mim... é dança, é calor: essas letras, essas pérolas!
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